Em agosto recomeçaremos as RODAS DE LEITURA com curadoria e mediação da bibliotecária Lúcia Sasaki.
O primeiro encontro do ano acontecerá no dia 3 de agosto às 16 horas aqui, no Coletivo 308. Para particiar basta ler o livro com antecedência e comparecer no dia marcado. Não é necessária inscrição prévia.
Chuva Negra - resenha
Masuji Ibuse expõe de forma contundente, nesta obra densa, sombria e asfixiante, as terríveis consequências da bomba atômica lançada primeiramente sobre Hiroshima, no dia 6 de agosto de 1945, e posteriormente na cidade de Nagasaki, em 9 de agosto do mesmo ano.
Através do diário de uma sobrevivente, o autor tece a narrativa dos horrores que se abateram sobre os povos desta região, os quais vão gradualmente percebendo o alcance do trágico evento que marcaria definitivamente a história da Humanidade. A radiação, efeito completamente desconhecido de uma bomba até então inexistente, toma conta dos corpos, mentes e almas das pessoas atingidas.
Chega a ser quase uma sorte a morte imediata; muitos outros morrem lentamente, após uma agonia inimaginável, feridos que padecem de sequelas e terrores orgânicos e psicológicos, um número de vítimas impossível de ser calculado. E tudo sem uma razão de ser, pois o Japão estava à beira da derrocada econômica, seu povo estava exaurido e os alimentos esgotados; os japoneses não tinham mais forças para levar adiante sua participação na Segunda Guerra Mundial.
O diário da protagonista informa o leitor sobre as condições caóticas que se instalaram nas cidades atingidas, a carência de notícias, provisões e remédios. Mesmo assim, em meio a esta tragédia nunca antes vivenciada, seus habitantes procuram resgatar a vida comum e seguir em frente. Aos poucos eles se dão conta, porém, de que sua realidade foi irremediavelmente modificada.
Esta história, extraída do episódio mais doloroso da trajetória humana, toca sem dúvida a alma do leitor, principalmente pelo estilo do autor, o qual tem o dom de enfocar uma tragédia como esta de uma forma praticamente poética; ao invés de um documento impossível de ser digerido, Ibuse cria em Chuva Negra um testemunho literário. Um exemplo desta escrita lírica é a parte final, a qual estimula uma nova leitura.
Por outro lado, os fatos chocam o leitor, principalmente o menos atento aos fatos ocorridos no passado. De qualquer forma, ninguém sai ileso do mergulho nas páginas deste livro. Pode-se então afirmar que estamos diante de uma obra grandiosa. Casos como o da jovem Yasuko se multiplicam no cenário pós-apocalíptico das cidades japonesas; rumores apontam que a protagonista sofre de males provocados pela radiação da explosão, o que provoca um profundo temor em seus pretendentes, pois estas consequências poderiam atingir seus herdeiros. Assim, eles se distanciam da garota e ela fica à mercê do destino, apesar dos esforços de seu tio para provar que ela não foi contaminada.
Masuji Ibuse é um romancista japonês nascido na cidade de Hiroshima em 1898. Aos 19 anos ele foi estudar literatura e arte em Tóquio, na Universidade de Waseda, apaixonando-se então pela produção literária francesa e russa. O autor se tornou famoso por sua novela Chuva Negra, escrita no ano de 1966. Ele morreu em 1993, aos 95 anos, vítima de pneumonia.
Fontes:
http://fejapimenta.blogspot.com/2008/09/chuva-negra.html
http://caligrafiavirtual.blog.terra.com.br/2009/04/
http://www.nytimes.com/1993/07/11/obituaries/masuji-ibuse-is-dead-japanese-novelist-95.html
http://www.skoob.com.br/livro/43317
03 de agosto – sábado – A partir das 16h
Biblioteca Comunitária do Espaço 308
Rua Paschoalina Migliorini, 131 – Ponte Grande
05 de agosto – 2a.feira – A partir das 19h
Espaço Novo Mundo
Avenida Salgado Filho, 1453 – Centro