DESTINO: LINHA 308 / DESTINATION: LINE 308


O COLETIVO 308 tem como objetivo estimular distintas formas de pensar a Arte, através da produção coletiva e a intervenção nos espaços.

The collective group COLETIVO 308 has like objective to stimulate distinct forms to think about Art, through the
collective production and the intervention in the spaces.


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

MOA, UM FOTÓGRAFO BICHO RARO NO PROJETO INTEGRAÇÃO

Todas as imagens aqui postadas são de autoria/propriedade de Moacir Barbosa * Todos os direitos reservados



Por ocasião do último dia 08 de janeiro , dia do fotógrafo, entrevistamos para o projeto integração, Moacir Barbosa,56 anos  fotógrafo,  nascido em 17/11/54, exercendo a profissão há 30 anos.
Entres seus clicks, já fotografou de tudo, moda, publicidade, personalidades, jornalismo, arte...
Moacir é também um poeta do olhar. Com suas lentes, constrói um universo sensível e extraordinariamente poético.É músico, toca uma batera nervosa e tem também alguns belos poemas guardados...

Atua como professor universitário nos cursos de comunicação social, design e artes visuais. Aliás, sob este aspecto, alguns dos integrantes do coletivo 308, tiveram a honra de tê-lo como mestre.

Esse "Bicho Raro" gentilmente nos atendeu nesta entrevista via internet, e aqui, você acompanha na íntegra o que foi conversado.

Bom proveito!Vamos lá:










Moacir (em 1970)


Coletivo 308:Moacir, Boa tarde!


Moacir: Boa tarde


:Nos fale um pouco sobre o início de sua carreira e sua formação como  fotógrafo.Quando o Moacir descobriu que queria ser fotógrafo e por quê?

:Sempre fui aficcionado por imagens e em especial fotografia, bem como máquinas fotográficas. Meus 2 grandes sonhos sempre foram música embebida de poética e fotografia. Iniciei uma banda em 1.970 com 15 anos, mas já sonhava com fotografia o qual decidi fazer faculdade de design onde uma das matérias era fotografia e outra cinema.
 Moacir e sua paixão (amor, na verdade)
Fotografia de Renato Sousa (Todos os direitos reservados)




: Qual foi a sua primeira máquina? Quantas máquinas tem? Quais prefere?




:Minha primeira "máq". foi uma kodak instamatic 126, era a única que dava pra comprar.Tenho várias, a que mais usei foi uma F2A photomic da nikon que adquiri em 1.978, a primeira grande máq.profissional que tive.Lembro-me que um amigo me indagou dizendo que com o dinheiro daria pra comprar um    carro e eu respondi que com um carro seria impossível fotografar.Tenho outras, Mamiya médio formato, Pentax, 6x7 e 6,4/5, Miranda, Nikon F4 Minox, Olympus, mais  ou menos umas 20 máquinas todas em uso e no campo digital, tenho uma Leica, uma Fuji, e 3 nikon.Hoje prefiro minha Nikon D3x com 24.5 megas que me permite trabalhos profissionais com absoluto controle da qualidade tecnica da imagem.

:Alguma vez sofreu problemas com a censura, durante a ditadura?


:Sim, minha F2 estava emprestada com um amigo fotógrafo da folha de S. Paulo ele ia passando em frente a PUC e tomaram a “maq”, tiraram o filme e devolveram.Antes disso, a diretora do colégio denunciou meu amigo de 16 anos sobre um jornalzinho que se chamava Desacato, a capa do jornal era o muro do colégio escrito desacato como se fosse pixado. Ele foi pro Dops e tivemos que destruir tudo o que tínhámos escrito. Nas reuniões do teatro amador o qual eu era compositor das músicas pras peças, ficávamos muito desconfortáveis, era perigo a todo instante.

  
:Como vê a fotografia no Brasil, do momento em que começou e o atual panorama, frente as novas tecnologias surgidas nos últimos anos


:Começou praticamente com dom Pedro II e tivemos muitos fotógrafos de     primeiríssima linha,Marc Ferrez retratou todo o Rio de Janeiro, Thomas Farkas, Domicio Pinheiro, entre centenas deles,  o grande problema sempre foram os altos custos dos equipamentos fotográficos os fotógrafos criavam alternativas pra suprir essas necessidades. Com o “boom” da fotografia digital, muito não resistiram e desistiram da profissão, mas acho que foi positivo essa entrada das novas tecnologias, eu por exempolo, coloquei em prática muitas teorias que era impossível fazer testes com filmes devido ao alto preço da revelação e da película, mas sempre houve resistência nas mudanças, quando era a chapa de vidro, os puristas detestaram os rolos com base de plástico, isso faz parte da e cultura do medo de ver e aceitar o novo. Outro ponto positivo é que a fotografia analógica também tem sua permanência, talzes não sob a ótica comercial, mas na veia artística.


:Quais fotógrafos influenciaram seu trabalho? Algum em especial que admira?
  
 :Muito fotógrafos, o Ansel Adams com o sistema de zonas e as técnicas de fazer uma foto perfeita, me ensinou muito a todo o processo de alquimia, já o Henry Cartier Bresson com o seu texto. O momento decisivo me fez aprender a olhar e ver a fotografia como um poema. O Robert Capa um fotografo de guerra deixou mais de 70.000  imagens que provocaram reflexões sobre o terror da guerra, sendo ele também uma vitima ao pisar em uma mina cessando o fim dos seus clicks.

:Qual o seu trabalho preferido,  que mais tenha marcado  a sua carreira de fotógrafo ?

  
:Eu gosto  muito de um trabalho que fiz em 1.979 tínhamos diversos grupos de artes na Vila Maria e no dia primeiro de maio fomos ao bairro de Vila Sabrina levando espetáculos circenses, teatrais e de música nas ruas. Cada foto conta uma história, todos aqueles garotos unidos em prol a um bem maior que era a arte, embora tínhamos uma posição bem forte em política e isso era um marco pra nossa época.  

:Como vê a sua relação como fotógrafo e professor  universitário?

  
:É muito legal. Eu me lembro que meus mestres Rubens Fernandes Jr que tem hoje  escritos muitos livros sobre fotografia e o João Roberto, quando fiquei no lugar deles, fizemos um pacto de sempre levar a fotografia como uma forma de reflexão e de vida.Hoje não me sinto professor, me sinto um amante incondicional da fotografia. 
              Moacir e outra de suas grandes paixões: animais


:Sabemos que para o fotógrafo, tudo pode ser motivo ou tema para fotografar, mas, atualmente, o que mais gosta de fotografar? Há algo em especial? 


:Gosto muito de fotografar shows e teatro underground, por que ali reside a verdade no palco e a paixão por aquilo que os artistas fazem.Nesse ano estou planejando adentrar mais na área da fotografia astronômica, não no plano científico, mas no poético mesmo.


:Como vê a relação entre fotografia e arte?


:Eu acredito que a idéia de construir uma imagem está no olhar e independe de ser através de um pincel, um lápis ou um click.Eu digo sempre que Fotografar é canalizar a luz e a alma em um foco profundo do turbilhão iluminado. É renascer o profundo mistério do eterno em um fragmento do tempo. É o desbravar da luminância numa corrida infinda entre photons de um florescer imantado em poesia visual.
:E sobre a política? O fotógrafo deve ou não se envolver com a política?

:O fotografo assim como todo artista, não precisa pedir permissão e sim, se permitir a criar, isso já é política.


:Qual a sua dica para quem está começando agora? Deixe o seu recado:

:A dica é pra não se intimidar quando alguém disser a você que tem mais de uma década de experiência e que sabe mais do que todos. A humildade, a vontade de ser fotógrafo superam as frustrações do dia a dia, possibilitando a construção, a forma de olhar e sentir, respirando fotografia.

:Quais são os seus próximos projetos? O que vem pesquisando nos últimos anos?


:Estou fazendo uma experiência baseado em um fotógrafo cego, Evgen Bavcar. Com venda nos olhos, acrescentando musica e clicando sem a visão, tentando entender a fotografia com a alma.Tenho mais 2 projetos, um deles já é antigo mas esse ano sai. É o que eu chamo de segunda pele, todos temos uma segunda pele, a minha segunda pele é fotografar, pra outras pessoas é música, pintura, tudo isso eu quero registrar através de tatuagens como um referencial pra uma segunda pele. Outro projeto é sobre o que chamo de Anjos Doidos, estou compondo diversos poemas e em cada um deles terá uma foto pra complementar a idéia entre o texto e a imagem.

: Moacir, obrigado por dispor de seu tempo e nos atender, foi um prazer tê-lo como entrevistado em nosso projeto,abraços e muita arte para você!

Um comentário:

Alexandra Simonis disse...

Boa Noite Moa, Sem querer achei seu Blogger sou sua ex aluna da UnG, Alexandra Simonis, Fotografia. Estou a procura de meus primeiros passos para Lecionar, pois me pós-graduei em historia da Arte. Se o Senhor puder me dar uma toque, em alguma coisa referente, ong, etec, sei lá, pode me chamar pelo face mesmo. Obrigada Bjo.