Exposição “Campo Coletivo”
por Sérgio Augusto de Oliveira*
A exposição Campo Coletivo em cartaz no Centro Cultural Maria Antônia, mostra parte da atual produção contemporânea brasileira dos mais conhecidos coletivos que atuam no país, e que servem de inspiração, ou mesmo de reflexão, para outros tantos grupos que se espalham em terras tupiniquins.
O recorte dado para esta mostra escancara uma tendência a que estes agrupamentos de artistas estão sujeitos, e que parece ser um caminho quase inevitável, senão fatídico, que se defrontam no percurso de vida e no desenvolvimento de suas propostas: o de se adaptarem a espaços institucionais, o que não é, a priori, uma característica dos coletivos atuais.
Aliás, os coletivos nasceram justamente num momento de crise das instituições culturais, que no século XX deixaram de contemplar a qualidade na escolha dos trabalhos expostos, para dar mais importância a aspectos políticos, pessoais ou econômicos. Desta forma os artistas se reuniram com a proposta de criar alternativas aos currais institucionais, dos quais dependiam para mostrar suas produções.
Tal adaptação, de certa forma, remodela a produção dos grupos deformando suas propostas que, em sua maioria, foram concebidas para se darem dentro do espaço público urbano e aberto. Isto talvez explique a dificuldade do público (e também de educadores) em compreender, participar e refletir acerca dos trabalhos, tornando a exposição uma simples vitrine para a divulgação dos grupos (o que não é de todo mal), mas apartando as principais características das produções coletivas: a marginalidade e a independência.
As ações, vídeos, fanzines e trabalhos participativos dos grupos Poro, Laranjas, Espaço Coringa, Cine Falcatrua e outros, colocam em evidência também na exposição, o desprendimento dos artistas coletivos em lograr algum tipo de vantagem na relação produção versus mercado de arte, sobretudo no incentivo às reproduções dos trabalhos e na ausência dos direitos autorais e intelectuais das criações.
Na contramão da tradicional produção egocêntrica do artista, os trabalhos dos coletivos trazem uma arte vinculada ao simples prazer de produzir e refletir sobre o cotidiano e a arte contemporânea.
Exposição: "Campo Coletivo"
Visitação: 28/03 a 01/06/2008 - 3ª a 6ª, das 12 às 21h; sábados , domingos e feriados: das 10 às 18h.
Onde: Centro Universitário Maria Antonia-Rua MAria Antonia, 294, Vila Buarque-São Paulo-SP-tel: 11-3255-7182 fax 11-3255-3140
www.usp.br/mariantonia - mariantonia@edu.usp.br
-ENTRADA FRANCA -
*Sérgio Augusto de Oliveira é arte-educador, artista plástico e membro do grupo coletivo 308.
Um comentário:
Parabéns Sérjão por tua iniciativa e teu texto sereno e maduro!Muito bom!
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