DESTINO: LINHA 308 / DESTINATION: LINE 308


O COLETIVO 308 tem como objetivo estimular distintas formas de pensar a Arte, através da produção coletiva e a intervenção nos espaços.

The collective group COLETIVO 308 has like objective to stimulate distinct forms to think about Art, through the
collective production and the intervention in the spaces.


sexta-feira, 18 de maio de 2007

APROPRIAÇÕES

Uma questão levantada no último encontro do café filosófico, aliás, fugindo um pouco do tema proposto, foi a “apropriação dos espaços públicos”.
Este tema é absolutamente presente em todas as discussões de quem faz e pensa arte contemporânea. Na verdade, é uma discussão até com certo cheiro de ranço e nem tão nova assim. O pós-guerra, na segunda metade do século XX, ficou marcado entre outras coisas por ações coletivas de artistas que romperam com sistemas e moldes tradicionais. O aparecimento de grupos que propunham ações coletivas (muitas vezes com militâncias por este ou aquele motivo, o que não foi o nosso caso) fez com que os espaços públicos tivessem que repensar seus critérios de utilização. Esses mesmos espaços públicos “oficiais” e todos lugares dentro das metrópoles tornaram-se alvos em potencial de ações que cada vez mais visavam públicos que não dispunham de acesso ao “mundo das artes”.
No último encontro alguns ânimos ficaram acalorados por um motivo simples: a remoção de um painel que estava no palco biblioteca para que o palestrante utilizasse o telão que estava instalado atrás do painel. Um dos espectadores presente na palestra, deu a entender que achava contraditório que um dos nossos “artistas” reclamasse sobre a obra que seria removida, sendo que a mesma, encontrava-se em um espaço público.
O inteligente e fino palestrante de imediato respondeu e fez da sua, a nossa palavra, lembrando que o trabalho não era autoral, mas, coletivo. Dessa forma, estava ali com uma finalidade, ainda que efêmera;pertencia não ao “artista” que reclamava, mas ao coletivo, ao público. Aproveito para reforçar que o trabalho não é nosso. É público no momento que ali foi instalado. E como tal, quando se pede para que não seja removido, não se pede por motivos egóicos, mas sim porque ao removê-lo impede-se que todo o público a quem se destina o trabalho não o veja.
Queria que isso ficasse registrado.
O painel foi feito para o público e só por isso é que se encontrava ali instalado.
Fizemos como havíamos combinado, o que ocorreu foi um erro comum de falta de comunicação, ou seja, um pequeno incidente. Estamos e estaremos abertos sempre para a discussão e produção de arte coletiva. Sabemos que o debate é salutar para todos, quem faz e aprecia a arte. Por essa razão estivemos ali.Em nenhum momento por troca de favores ou clientelismos.
Quem sabe possamos discutir ainda muitas e muitas vezes o uso desse espaço. Enquanto houver isso, é bom sinal. Indica que há vida e uso para àquilo ao qual o espaço se destina.
De nossa parte, temos apenas que agradecer o convite por parte do organizador, o Professor Valmir. Agradecer a disponibilidade de toda a equipe da Biblioteca Monteiro Lobato, em particular o Ângelo e a Maria. E agradecer a brilhante palestra do Professor José Roberto Heloani.

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